
No século 18, tornou-se tradição na Alemanha a representação da Paixão de Cristo dentro da igreja na Sexta-feira Santa - orquestra, coro e solistas, além do sermão. Como mostra o título de Bach, a narrativa é baseada no evangelho de João, mas algumas poucas passagens tem Mateus como fonte: Jesus prevendo a negação de Pedro, o rasgar das cortinas do templo e o terremoto após a morte de Jesus.

É tudo cantado em alemão, e o libreto traz as letras originais e a tradução para o inglês. Os fonemas robustos reverberam no pé-direito gigantesco da igreja e as melodias elevam ainda mais o drama dos últimos momentos de Cristo. Alguém puxa a cadeira vazia ao meu lado e senta com estardalhaço. Vem a catinga de bebum e prevejo a negação do silêncio. É batata:
- Ó, Maria! - grita o homem de seus lá 45 anos.
Murmurinho na assembléia. Um senhor pede que o desordeiro se aquiete. A reação é inacreditável: o cara se joga no corredor central e fica estatelado no chão. Jesus bebe o vinho azedo e a melodia cresce: "Está consumado!" O que fazer para que o corpo do bêbado não permaneça naquele lugar especialmente sagrado? Quebrar suas pernas? Dois sensatos, cada um de um lado, preferem levantar o corpo e levá-lo embora.
Nenhum dos seus ossos será quebrado.
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