8.4.09

=estações=



Passei 30 anos acompanhando mudança de estação por data. Que dia começa o verão? 21 de dezembro. Estamos no outono? Acabou em 21 de junho. E foi assim durante o tempo em que morei no Brasil. Nunca tive a sensibilidade de reconhecer um céu de outono ou uma cidade mais florida, como a maioria tem e curte (eu invejava isso, verbo no passado). O problema poderia ser meu se eu não estivesse agora embasbacado pela chegada da primavera aqui em Londres. Eu ainda não faço idéia das datas de início e de fim do inverno, da primavera ou seja lá qual for. Mas aconteceu o seguinte:

Em janeiro cheguei numa cidade fria, escura, de galhos pelados e sem cor. No caminho diário pelas ruas, árvores secas e céu denso. Os dois dias de nevasca trouxeram alívio momentâneo: apesar de frio, o clima era de aloprados com ski na rua, boneco e guerra de neve, turma do tombo solidário. A cidade coberta de branco fica sensacional. Mas derreteu, babou. Sombrio de novo.



A segunda quinzena de março trouxe céu azul e meu caminho árido foi curiosamente tomado por pequenos pontos, milhares deles. Eu, sensibilidade zero, percebi. Aos poucos o que era só grama ganhou pequenas flores, os galhos pelados cobriram suas vergonhas com brotos. Fez-se a cor. As cores. As flores. ("Opa, sai poesia! Sai!", "Mas por que, diabrete?", "Cala-te, roscofe de auréola!"... Sigamos.)



Estamos no horário de verão. O que muitos tacham de cidade cinza e chuvosa hoje está colorida e ensolarada (ok, ok, confesso estar curtindo um sol de 16°C). A primavera se espreguiçando em Londres é um espetáculo. Bonito pacas. Aos 30 anos presenciei pela primeira vez uma verdadeira mudança de estação. Mesmo o macho mais machista e orgulhoso de sua macheza sairia afetado (opa!) dessa. Flores!

Todas as fotos foram tiradas pelo casal aqui.


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