30.7.09

=almoço de terça (atrasado)=

O primeiro atraso da história do =almoço de terça= tem a seguinte explicação: Londres continuará no mapa, mas vai ficando na memória; a partir de agosto o =data crônica= postará de Tours, coração do Vale do Loire, na França. Na terça que passou, estávamos lá preparando a papelada. O almoço rolou e foi fotografado, mas não tínhamos internet.

Ainda mais especial que o primeiro da série direto do Vale do Loire é o fato de ter sido preparado com a ajuda da minha mãe, nossa visita da vez. Ó que beleza! F-A-R-O-F-A (ela trouxe a farinha do Brasil)!



- farofa com ovo
- salada com queijo emental ralado
- bife de frango com molho de manjericão, manteiga e mostarda forte de Dijon
- pão
- vinho (o Beaujolais mais barato do mercado já é gostoso)

22.7.09

=charme e música tosca=

Ontem, na Pure Groove, Au Revoir Simone. Trio de Nova York, só mulheres, só teclado e percussão. As três cantam e cantam bem. David Lynch declarou recentemente via Twitter que se amarra.

As moças erram muito, param música no meio e começam de novo, se confundem na entrada de um ou outro vocal e... conquistam o público com sua música tosca. Charme e carisma são para poucos, música qualquer um faz.


via George Aizawa


via George Aizawa


via Anika





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(atualização)

Esqueci de coisa importante: decidi ir ao show depois de ler em alguns blogs daqui sobre o Au Revoir Simone. Eis que ao mesmo tempo recebo um email do Brasil, de uma francesa, também indicando o show. Tornou-se, pois, obrigatória minha ida. Tomei o rumo da Pure Groove pensando em reportar para minha amiga brasileira-francesa o que as moças de Nova York faziam em cima de um palco. Taí, Julie, elas são toscas mas são cult. Obrigado pela dica!

=almoço de terça=

Crise: bati a foto do macarrão com mozzarella de búfala, manjericão e tomate, mas deu creca e a foto sumiu. Então vai um tapa buraco feito lá em março, quando eu enfiava todo e qualquer legume, encharcado de azeite, no forno. Essa legumada aí foi com frango.

17.7.09

=hey, baby! uhúúúúú hahaha=

Tá nervoso? Senta o facho e ouve aí a nova do Kings of Convenience, "Mrs. Cold".



O disco sai no fim de setembro. Aqui você consegue ouvir uma cacetada de música nova, só clicar no "more info". Vai nessa, filhão.

16.7.09

=direita, esquerda e o certo=

Eu tinha medo de uma morte estúpida, no momento em que pisei em Londres: atropelamento. Aconteceria quando eu, ao atravessar a rua, olhasse para o lado errado, confuso com a mão do trânsito por aqui. Direita? Esquerda? Qual é o certo?

Acontece que Londres cuida de seus imigrantes.



"Look right" e "look left" estão pintados nas principais ruas da cidade. Só não vale obedecer cegamente: no caso acima, olhar para a direita e, ali no final da travessia, olhar para a esquerda. Eu já vi gente fazendo isso.

O medo agora é de outra morte estúpida: ainda atropelamento. Aconteceria quando eu, já no Rio, atravessasse a rua olhando para a mão inglesa.

14.7.09

=almoço de terça=



- frango assado ao molho de laranja
- tomate assado
- arroz basmati
- legumes

11.7.09

=todas as cervejas do mundo=

Passei muitos domingos de 2008 curtindo um projeto que criei com Chico: Todas as Cervejas do Mundo. Era o seguinte: nos reuníamos para assistir ao futebol na TV (normalmente alguma derrota do nosso Vasco rumo à Segundona) e beber a maior variedade de cervejas importadas possível. Tinha uruguaia, alemã, belga, mexicana, argentina...

Em Londres, capital mundial dos imigrantes, chega produto de tudo que é lugar do mundo (tudo mesmo). Sabendo aonde ir você consegue Guaraná Antártica, pão de queijo, farofa, açaí, biscoito Bono (tem brasileiro que sofre com os biscoitos recheados daqui e corre atrás para comer o bom e velho Bono de chocolate).

Com cerveja não é diferente. A maioria dos mercadinhos da cidade (Food & Wine ou Off License, como são chamados) é capitaneada por estrangeiros. Aqui perto de casa costumo ir em dois: um de um carinha simpático do Sri Lanka (que não aceita cartão porque a máquina está sempre quebrada); outro de turcos (que taxam em 50 centavos qualquer compra no cartão). Nesses mercadinhos estão as melhores promoções de cerveja: 6 por 5, isto é, seis latas de 500ml por cinco libras. O Todas as Cervejas do Mundo teria sido bem mais variado se houvesse um desse na nossa esquina.



Dois destaques negativos: a jamaicana Red Stripes (que segundo minha pequena tem gosto de Fandangos) e a britânica John Smith's (que vem com uma espécie de bola de pingue-pongue dentro da lata - ainda não descobri por que). As outras aí da foto são boas. Há as mais comuns (a australiana Foster's, a belga Stella Artois, a francesa 1664), o orgulho britânico (Guinness) e as muito, muito boas (destaque para as polonesas; todas na base da pirâmide aí da foto). Minha preferida: a Zubr (latinha verde com um bisão).

No oceano de latinhas que eles oferecem, já me confundi e peguei latinha de cidra. Aí na foto, só uma não é cerveja. Descobriu?

Já não vejo jogos de futebol com a mesma frequência, mas o Todas as Cervejas do Mundo continua a todo o vapor. Meu objetivo imediato é completar essa pirâmide da foto. Faltam quatro. Dá licença, vou ali nos turcos.

7.7.09

=almoço de terça=



- rúcula com molho de iogurte, mostarda, limão e azeite
- arroz basmati
- pimentão verde com carne moída
- vagem frita no azeite

3.7.09

=sol, cerveja e blur: isto é londres=



O primeiro ato programado para a volta do Blur, depois de quase sete anos separados, foi um show no Hyde Park. Escolha simbólica. Lugar perfeito para cantar novamente a vida mundana da juventude britânica que adentrou o século XXI, para as crônicas irônicas sobre hedonismo e tédio, para o desfile de hits que falam direto a uma geração. Lugar exato em que Damon Albarn teve a idéia para fazer uma das canções mais significativas da banda. Foi numa caminhada ali, entre casais de mãos dadas e gente alimentando pombos, que "Parklife" começou a tomar forma. Ontem, teve o refrão cantado em júbilo.

Aqueles que presenciaram o show no Hyde Park em 2 de julho de 2009 tem, em sua maioria, entre 20 e 35 anos. Ali era lugar para qualquer um curtir boa música, mas tinha um significado maior para a juventude que viu o fim do século chegar sem trazer nada especial. Gente que esperou a virada para o ano 2000 como Didi e Gogo esperam Godot. Gente que cresceu apolítica, celebrando manhãs sem nada para fazer, a falta de compromisso, a diversão. Que superou cada ressaca para se jogar novamente em bebedeiras e adiar responsabilidades sempre um pouco mais.

A tristeza e a alegria plena são quase o mesmo sentimento nas canções do Blur. A satisfação de não fazer nada se mistura com tédio e sai em jorros de triunfo com o clima festivo dos feriados. Conte quantos "holiday" tem em músicas do Blur, quantos relatos de dias enfadonhos ou de inércia em frente da TV, quantos personagens desajustados. A eterna espera passiva por um mundo melhor. Dias inofensivos, antes de 2 milhões de pessoas marcharem por Londres até o mesmo Hyde Park, em 2003, na manifestação anti-guerra que inspirou "Out of Time". Damon lembrou emocionado da passeata antes de tocar o hino que marca o último suspiro da banda, Think Tank (já sem muita inspiração, já engolido pela ressaca do Brit Pop, já numa época bem diferente da que começaram, já sem Graham Coxon).

Mesmo que a tensão criativa esteja entre Albarn e Coxon, o Blur é um grupo de quatro amigos que cresceram juntos. Sem um deles, como aconteceu, a banda acaba. Não imagino a banda como o atual Oasis, com incontáveis mudanças na formação, trocando elementos como pequenos ajustes de percurso. O Blur é aquela mistura esquisita de personalidades.


Foto: Gigwise

Damon Albarn é o capitão, o comandante da celebração. Joga em todas. Toca violão, berra no megafone, sussura uma melodia doce, salta para a galera, se esparrama no chão. Está em forma (exceto pelo dente da frente que os dias de loucura do Brit Pop levaram), incansável, sorridente, emocionado em contar com tanta gente a sua frente mesmo depois de anos sem um alô da banda. "Esse parque é muito bom... lagos, o Speaker's Corner." "Ohhh, virem-se para ver o pôr-do-sol." "Deem um alô para a lua que chega." No astral de ontem, se estivesse na praia de Ipanema certamente saudaria com palmas o pôr-do-sol.


Foto: Gigwise

Graham Coxon é o gênio atormentado. Intercala caras estranhas de quem preferiria estar tocando sozinho, trancado num quarto, com saltos empolgados e solos catárticos de joelhos. Na entrada no palco, enquanto Albarn e James olhavam fascinados o mar de 50 mil pessoas, Graham passou as duas mãos na cabeça, da testa à nuca, como quem pensa nervoso, numa mistura de sensações: "Caralho, caralho, que porra é essa. Me tira daqui. Tô doido pra começar." Sua guitarra cheia de texturas é marca inconfundível da banda. Foi o que mais me impressionou naquele dia de semana em que o Metropolitan, no Rio, ficou vazio pra receber os reis da Inglaterra.


Foto: jellybeanz

E quem é aquele coroa rechonchudo na bateria? David Rowntree espanca o instrumento em "Song 2" e marca o ritmo suave de "The Universe" com a mesma expressão no rosto. Como se pensasse o tempo todo na Teoria da Responsabilidade Civil ou na Dogmática Geral do Direito. Passa longe da aparência de popstar, de baterista de uma banda de rock. Tá mais para vizinho silencioso e simpático, pai de família, que tem prazer em fazer churrasco todo domingo. Concorrerá pelo Labour Party a uma vaga no parlamento nas próximas eleições. É sério.


Foto: Gigwise

Se Coxon, Albarn e Rowntree perderam alguns centímetros de altura com a leve corcunda que o tempo traz, Alex James ainda tem postura jovem, de estrela do rock. É a elegância em pessoa. Sempre sorrindo, cumpre o papel que foi de Paul Simonon no Clash: baixista certeiro e muito estiloso. Quase certeiro, devo dizer: em "Coffe & TV", enquanto Graham solava, Alex e Damon se embaralharam com os acordes por segundos, riram em cumplicidade e tudo voltou ao caminho certo.

A turma se reencontrou e está em forma. Contaram no palco com um tecladista, quatro pessoas no coro e três nos metais. Foi um showzaço, com clássicos enfileirados e público em êxtase, relembrando os velhos tempos e aproveitando o festejo. "Girls & Boys", "Parklife", "Song 2" e "Country House" são os petardos máximos (veja nos vídeos abaixo como fui rebocado; nenhum movimento de câmera foi intencional). "The Universal" (que bela maneira de terminar) e "Tender" tiveram o refrão entoado na saída até os túneis lotados do metrô.



A banda certa, no lugar certo da cidade certa. Londres foi homenageada. Não a Londres da chuva, a cidade cinza e fria, mas a das noitadas infinitas, dos feriados ensolarados com cheiro de churrasco, muita cerveja, parques cheios. As últimas palavras de Damon Albarn indicam o caminho sem fim: "Enjoy the summer!"

Carpe diem, parceiro. Para sempre, carpe diem.


Viram a moça baixinha, de olho puxado, no meio do caos? Logo depois ajudei a abrir espaço para ela sair. Muita pressão.







Monte aí o repertório num playlist:

"She's So High"
"Girls & Boys"
"Tracy Jacks"
"There's No Other Way"
"Jubilee"
"Badhead"
"Beetlebum"
"Out of Time"
"Trimm Trabb"
"Coffe & TV"
"Tender"
"Country House"
"Oily Water"
"Chemical World"
"Sunday Sunday"
"Parklife"
"End of a Century"
"To the End"
"This is a Low"
"Popscene"
"Advert"
"Song 2"
"Death of a Party"
"For Tomorrow"
"The Universal"

=antes do blur=

Todos os shows foram escolhidos pelo próprio Blur. Não cheguei a tempo da Hypnotic Brass Ensemble, mas vi todo o show dos favoritos do =data crônica=, Golden Silvers.



Mas só boa música não adianta. Ali, naquele palco gigantesco, diante de cerca de 25 mil pessoas, foi uma apresentação fria, com um som de teclado horroroso. Não rolou.

Depois deles, a espoleta-zumbi do Crystal Castles enlouqueceu o roadie responsável pelos cabos dos microfones (ó ele ali de olho):



Electro nervoso, com vocal agudo, Tati Quebra Barraco stáile. A vocalista é junkie sem-noção (intercalava goles no gargalo de uma garrafa de uísque com outra de vodka). A camisa dela era simplesmente sensacional para a ocasião: "Oasis has aids". O nome da banda veio da casa da She-Ra. Não brinco com coisa séria.

E logo antes do Blur o Foals botou neguinho para dançar com seu rock a Gang of Four.



Bom show. A cozinha segura uma onda impressionante, com as guitarras se embaralhando em notinhas agudas. O timbre do vocalista me lembrou Robert Smith, do Cure. Dá uma olhada na calça de pescador do tecladista.

1.7.09

=All the people, so many people...=

Num desses pocket-shows em lojas, assistimos ao Graham Coxon, guitarrista do Blur, na Pure Groove (baixe Happines in Magazines, seu melhor disco solo). Já tínhamos na mão os ingressos para o show que marca a volta do Blur aos palcos londrinos: 2 de julho no Hyde Park. Ali a expectativa já estava alta.



Hoje, véspera do show, a expectativa vai às alturas com os vídeos do Blur em Glastonbury. Haaaaaaja coração. Os caras ao vivo aceleram as músicas a Ramones...



E pensar que no show que eles fizeram no Metropolitan, no Rio, no auge da banda, sobrava espaço vazio. Esse foi em Manchester, há poucos dias.



ALL THE PEOPLE
SO MANY PEOPLE
THEY ALL GO HAND IN HAND
HAND IN HAND THROUGH THEIR PARKLIFE



Amanhã, HYDE PARK!

(tentei colocar o vídeo de Parklife no Glastonbury, mas aparece "This video is no longer available due to a copyright claim by British Broadcasting Corporation." What's up, mate?)

=pete molinari=

Rolam direto por aqui pocket-shows em lojas de música. Esse vídeo aí fiz em abril, na Rough Trade, no Record Store Day.

Com vocês, Pete Molinari, o Woody Guthrie de Chatham (cerca de 50km de Londres). Dá uma sacada no timbre da voz do malandro.