29.5.09

=trecos, truques, traquitanas (4)=

Você é daqueles que acha que laranja só serve para fazer suco? Ou que chupar laranja poderia ser bom se não tivéssemos que descascá-la? Quando vai comprar fruta você fica naquele papai-e-mamãe de maçã e banana?

Fácil sair dessa. Assista e anote aí (ao som de Soup Dragons):



Esse método quem me ensinou foi o Tio João. Até para um desajeitado como eu, é rápido e fácil de fazer. E não se desperdiça nada.

Agora que você já viu que qualquer um faz, hora de correr atrás. O próximo passo é esse aqui:



Comer laranja é a boa.

27.5.09

=em busca do tempo=

- E você, o matemático do grupo, como se chama?
- Felipe Schuery.
- Felipe o quê?
- Schuery.
- E esse sobrenome é alemão?
- Não, turco.

Eu tinha 11 anos e estava ao vivo numa rádio de Cabo Frio com mais umas 5 cabeças, amigos do colégio. Organizamos, não lembro para que fins, uma pesquisa sobre as intenções de voto dos cabofrienses para a Presidência da República em 1989 (ou seja, há 20 anos!). Papel e caneta na mão e a molecada distribuída pelo centro da cidade, ali pela praça Porto Rocha, perguntando aos passantes em quem votariam. Nessa, um radialista (não lembro o nome dele, era um narigudo, baixinho) passa e vê pauta para seu programa diário. Logo estávamos ligando para a família para avisar que naquela mesma tarde estaríamos na rádio. Meus pais estavam no trabalho, então meus irmãos e a Tida - que trabalhava lá em casa - se programaram para gravar aquilo em fita cassete.

A pesquisa era à Bangu, cada um marcava os votos de uma forma, cada um perguntava como queria, e teve malandro colocando no papel voto de tia, pai, amigo, só para alavancar um candidato. No fim das contas estava eu de calculadora na mão, na recepção da rádio, tentando transformar palitinho em porcentagem. Daí veio essa de matemático do grupo. Se não me engano, deu Collor. E acho que o Brizola estava nas cabeças.

Duas coisas me marcaram ao chegar em casa:

1. Nada foi gravado (Meus irmãos e a Tida usaram uma fita com aqueles buracos antigravação - tinha nome isso? - então o som não aceitava o REC. Vendo que a coisa não ia e o programa começava, a Tida forçou a tecla. O botão de REC quebrou e ficou assim para sempre.)

2. Schuery não é turco

Minha mãe ria:

- Não é turco, filho, é libanês.
- Como, se você e meus tios chamam todo mundo de turquinho e turcão lá em Juiz de Fora?
- É só um jeito carinhoso. Schuery é libanês.

Fato, é libanês. Existe um papo de que meus ancestrais eram da cidade de Choueir, no Líbano, e que quando chegaram na imigração brasileira usaram o nome da cidade como sobrenome ("Nome e sobrenome?", "Põe aí, Fulano de Choueir. Quer dizer, Fulano Schuery, com 'sch' no começo e 'y' no fim"). Uma rebuscada que leva uma galera a pensar que é alemão. Eu gosto dessa história, mas parece que é fantasia. Minha prima Juliana tem sangue de detetive e está levantando informações para esclarecer isso. É fascinante. Vez ou outra a família recebe um email dela com fotos desgastadas, árvore genealógica, documento com depoimento da vovó Naná ao cônsul do Líbano no Brasil dizendo que não assinava pois a mão tremia (preferia a impressão digital do polegar da mão direita), quando na verdade é provável que ela não soubesse escrever, e por aí vai.

Essa sacudida na memória - que me trouxe a história da rádio - é fruto de um tabule e de um quibe que eu comi num restaurante libanês aqui em Londres (também mandei a Laziza, cerveja libanesa sensacional que tem um que de mel). O nome é Joury, e o endereço é 72, Duke St Mayfair, W1K 6JY. O curioso é que já comi feijão, pão de queijo e leite condensado aqui, mas o que me trouxe mais lembranças e saudades do Brasil foi a comida árabe. Minha mãe e minhas tias são as responsáveis. Os Schuery passam um dia inteiro na mesa emendando café-da-manhã, almoço e jantar. No intervalo, quibes, esfihas e hummus bi tahini.

E tem nêgo que come madeleine e escreve sete livros, com mais de 1000 páginas no total. Um postzinho é meu nível.

26.5.09

=almoço de terça=

Restaurante marroquino em Camden Town.



- cuscuz marroquino com frango

25.5.09

=alô, mr. arquiteto=



Isso fica perto da Blackfriars Bridge, indo para o Southbank Centre (fui ver uns gêmeos chineses tocando cello). Me explica: o cara queria fazer exatamente isso ou tinha que preservar essas colunas da frente? E de uma forma ou de outra: alô, mr. arquiteto, seu projeto é feio pra burro.

24.5.09

=nada de stone roses=

Acho que Stone Roses, Happy Mondays e Primal Scream são apontados como as bandas mais importantes da cena inglesa daquele final de 1980, início de 1990. Mas o que rodava na vitrola lá de casa não era nenhum deles. O balanço britânico lá em Cabo Frio eu tinha com um disco e uma música em especial. Meus favoritos:

disco



música




Pista de dança fácil, fácil.

23.5.09

=the stone roses=

Ó que beleza esse pub em York, norte da Inglaterra. Ficava na rua do hotel, o que significou madrugada de sono intercalada por berros e cantos bêbados.



Bela homenagem. Há 20 anos eles lançaram o primeiro disco, que marcou uma nova era no rock britânico. Shoegaze, madchester. Arrogância em Manchester não nasceu com os irmãos Gallagher: se declaravam os melhores do mundo. A explosão de Oasis, Blur e o que mais chamaram brit pop na década de 1990 deve muito a este que alguns por aqui se referem como o melhor disco de estréia de todos os tempos.



Essa aqui não tá no disco mas foi lançada como single e virou o maior sucesso deles na época.

22.5.09

=trecos, truques, traquitanas (3)=

Sua calça já foi para a máquina de lavar com bufunfa no bolso, certo? Chatão ter que secar dinheiro (quando a nota não rasga...), ou descobrir depois a identidade descolorida, ou a carteira de motorista manchada.



Fácil sair dessa. Anote aí:

1. escolha um canto remoto da casa
2. tenha como regra chegar da rua e esvaziar todos os bolsos
3. junte tudo e jogue no canto mágico



Acredite, tudo estará sempre no mesmo lugar. Só não coloque ali guarda-chuvas, clipes e isqueiros. Atraem duendes.

19.5.09

=almoço de terça=

O primeiro fora de casa.



- refresco de limão
- pão com linguiça
- iogurte natural com frutas vermelhas

Esse lanche fiz em Hampton Court, um dos palácios em que o Henrique VIII se empanturrava de comida e mulher.

18.5.09

=polonês: o alemão dos mezenga=

Já ouviram polonês? É tipo fonema alemão com entonação de italiano (tipo os Mezenga da novela Terra Nostra). Ouve aí. Ah, aproveite e repare na música que começa em 1:14, me lembrou a levada de "Outro", primeira música do , do Caetano.



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(atualização)
Acima, na verdade, eu queria dizer "Odeio", e não "Outro". Nos comentários, o Pedro achou parecido com essa:

15.5.09

=trecos, truques, traquitanas (2)=

De casa para o trabalho, de volta para casa, um pulo na padaria, supermercado, casa de novo. Cansado de fazer o mesmo caminho todos os dias?



Fácil sair dessa. Anote aí:

1. faça o mesmo caminho pelas calçadas opostas às que você sempre anda
2. vire uma esquina qualquer e veja como refazer o caminho a partir daí
3. não planeje um novo trajeto antes de sair de casa, vá pelo vento, siga uma pessoa qualquer, desoriente-se por placas de trânsito, surpreenda-se

Quem sabe um dia você não enlouquece e a vida deixa de ser enfadonha? Ô laiá!

13.5.09

=almoço de terça=



- arroz
- batata sauté
- tomate com alecrim
- frango com laranja e ervas da Provence

10.5.09

=dub echoes=

Esse domingo em Londres é Dub Echoes na cabeça. O documentário do carioca Bruno Natal, do Urbe, sobre a história da música enfumaçada, o reggae que sequelou, ganhou 4 estrelas em 6 na Time Out; e 4 em 5 no Daily Telegraph, segundo o próprio diretor. Será lançado na festa 100% Dynamite, a mesma que visitei em março. Abaixo, o pôster na pilastra da Rough Trade:

9.5.09

=trecos, truques, traquitanas=

Uma pia entupida de louça assusta.



Fácil sair dessa. Anote aí:

1. enxágue tudo e setorize a louça



2. lave nessa ordem: copos, pratos, talheres, panelas (do mais limpo para o mais sujo)
3. pense numa música e faça tudo ritmado. Comigo funciona com samba-enredo. O da São Clemente de 1989 é meu hit de louça. "Já é hora, oi/do gigante adormecido despertar (despertar!)/do jeito que a coisa anda/não pode continuar..."
4. não esqueça de fazer espuma, fica mais divertido (caceta, só agora na foto que eu percebi o estado da esponja...)



=trecos, truques, traquitanas= é a nova seção do =data crônica=. Uma companheira para o =almoço de terça=, que andava muito solitário. Aqui, as grandes descobertas do cotidiano, os melhores métodos para seu dia-a-dia, dicas para suportar o tempo e esperar da melhor forma possível o seu Godot. Se preferir, auto-ajuda para iniciantes.

8.5.09

=a onipresença de Dan Brown=

Fui à Temple Church para ouvir órgão e voltei para casa tonto com tanto Dan Brown por Londres. Logo na Fleet Street, numa livrariazinha minúscula, tinha um artigo antigo de jornal com a foto do Tom Hanks e da Audrey Tautou colado na parede. Os dois correm numa rua e tem à própria livraria como pano de fundo. Um texto dizia algo como: "Assim que O código Da Vinci chegar aos cinemas, fique atento à cena logo após à Temple Church. Estaremos nas telas de todo o planeta neste verão". Continuei minha andança achando que aquilo era coisa do passado e... outdoor, ônibus, metrô, prédio, livraria... tá tudo dominado. E, até o outono, ainda vai aumentar.



The Lost Symbol, seu livro novo, será lançado em 15 de setembro, mas a megaoperação já está a todo vapor. Em 20 de abril, surgiram os primeiros detalhes para a imprensa: será a maior tiragem inicial da história da Random House: 6,5 milhões, de acordo com o Guardian, 5 milhões, diz o site oficial do autor. Na entrada das livrarias Waterstones (foto acima), já está anunciada a pré-venda pela metade do preço.

O top 5 de romance adulto/paperback, no Reino Unido, em todos os tempos, tem os primeiros quatro postos ocupados por livros de Brown, com O código Da Vinci encabeçando. Esse top 5 em breve será todo do homem.

Aí já está acontecendo?

7.5.09

=Órgão e Temple Church=

Eu entro em igreja sempre à procura do órgão. Guardam histórias mirabolantes sobre método de fabricação, obtenção da matéria-prima usada, forma de transporte até seu destino sagrado. Instrumento gigantesco, móvel grandioso, geralmente fica escondido entre amontoados de ouro, santos, anjos ou encoberto pelo coro. Visitar igreja para mim é achar o órgão e ter a sorte de ouvi-lo (tive na Notre-Dame de Paris uma vez, chorei). Se tiver missa sem órgão, que seja com coral, pelo menos. Tem que ter música.



Ontem, dois eventos me levaram à Temple Church: no início da tarde, um recital de órgão; no fim, missa com coral e órgão (os dois com Mendelssohn no programa, celebrando os 200 anos de seu nascimento). Li que era a famosa igreja redonda feita pelos cavaleiros templários no século 13, importantíssima na época das Cruzadas, e lembramos aqui que está também no ultrabest-seller O código Da Vinci, do Dan Brown. Algum enigma maluco leva os personagens pra lá e o resultado é Tom Hanks e Audrey Tautou saindo em disparada pela Fleet Street nos cinemas de todo o mundo. Você que leu o livro ou viu o filme (afinal respira), lembra? À direita da foto estão as efígies dos cavaleiros templários. Acho que é ali que o professor-falcatrua, o carinha do mal, se revela.



Tão aí imagens do recital:



Da missa eu não tenho registro, pois foi transmitida ao vivo pela Radio BBC 3 e a ordem era silêncio absoluto. Se eu apertasse na encolha o botão da máquina ou gritasse "GOL DO JUNINHO, MONUMENTAL!", ecoaria por todo o território britânico. É claro que por um momento eu pensei em fazer isso (gritar, claro, jamais tirar foto), mas preferi dar uma curtida nas histórias de Jesus com o som do órgão ao fundo. Tô doido pra comprar uma Bíblia.

5.5.09

=almoço de terça=



- frango com suco de laranja e ervas da Provence
- salada (tomate, beterraba e dois tipos de alface) com queijo Cheshire
- ovo mexido com alecrim

=true romance, golden silvers=



Lembram do Golden Silvers? Saiu o primeiro disco, "True Romance". Tenho procurado para baixar mas ainda não encontrei (quem conseguir, favor deixar um linkzinho nos comentários). Ouvi o CD rapidamente lá na Rough Trade: a primeira impressão é de um disco razoável (a imprensa aqui está se rasgando em elogios). São dez músicas, metade do disco é espetacular, metade bem chocha. Mas teria que ouvir novamente, pois me apressei para não perder o show deles que estava para começar no palco da própria Rough Trade. O vocalista Gwilym Gold estava com a voz baleada, tinham acabado uma turnê pelo Reino Unido, então mandaram em versão acústica. Ficou bem bom. Tem um trecho aí embaixo.

Para quem gosta dos sons dançantes de Prince, Stevie Wonder, Bowie e da voz de Joe Strummer, do Clash (diz aí se não parece... quem sacou foi o Jamil):