31.3.09

=almoço de terça=

Eis que chega o dia de amarelar. Não tinha feito compra, o que tinha aqui eu esqueci de descongelar... Apelei: comida pronta.



- 450g de frango com curry e arroz - £1
- suco de laranja (caixinha) - o litro custa £0,56, então esse copo aí deve ter custado uns £0,14
- almoçar na internacionalmente-famosa-por-ser-cara-cidade por £1,14 (o equivalente a uns R$4) - sim, Mastercard, isso TEM preço

Custa um bucho cheio de conservante, sabe como é? Tipo quando você acaba de comer no McDonald's, Bob's ou Burger King e a barriga incha, você começa a expectorar e a tarde fica leeeenta, saca?

TEM esse preço mas às vezes é bom negócio - não vou te enganar, não. Esse aí, frango com curry, é só espremer meio limão em cima, calibrar a imaginação, e a garfada traz um retaurante indiano de fundo de quintal. Rola, leve fé.

Um dia falarei detalhadamente do Iceland, o supermercado onde comprei isso aí. Downmarket equivalente ao créu velocidade 5.

30.3.09

=oxford x cambridge=

Oxford domina a política (desde Churchill só três primeiros-ministros não estudaram lá). Cambridge, a ciência (Newton e Darwin sentaram naquelas cadeiras). Oxford sugere a utilização de vírgula antes de "or", "and" e "nor" (a "Oxford comma") para evitar ambiguidade. Cambridge não curte a idéia. Em Oxford, famosos dicionários. Em Cambridge, célebre sistema de qualificação em língua inglesa (IELTs, CPE e similares). Aqui nesse blog, simplismo e maniqueísmo só para falar da regata que rolou no Tâmisa neste domingo.



Há mais de 150 anos as duas universidades botam os barcos nas águas do rio e a galera parte para as margens para assistir ao racha. Aliás, mais para tomar uma cerveja, comer um churrasquete e curtir a farra, porque se você ficar no meio do percurso, em Hammersmith, como eu, são poucos minutos de vibração e... passaram. E agora, quem ganhou? O dono do bar.



A largada é na Putney Bridge e são cerca de 16 minutos até cruzarem a linha de chegada na Chiswick Bridge. Pouco mais de seis quilômetros. Esse ano, deu Oxford. O placar agora marca 79 a 75 a favor de Cambridge.



Tem mais cerveja, aí?

28.3.09

=no fails, G-20!=


Hoje, cerca de 35 mil pessoas caminharam pelo centro de Londres para protestar e chamar a atenção do G-20 (que se reúne aqui a partir de 2 de abril) para a insatisfação com a crise, com a situação ambiental e com a distribuição de renda no mundo.
"Queimem os banqueiros!"
"Sua festa, sua ressaca!"
"It's the end of the world as we know it... and I feel cross" (tá aqui a fonte, para quem não conhece)
O movimento foi chamado de Put People First e tomou conta do Twitter. A tarde toda foi permeada de mensagens como "Os policiais parecem estar de saco cheio", "Alguém gravou o discurso do Mark Thomas?", "Tem mais gente fazendo compras na Oxford Street do que na passeata", "Doce ironia: manifestantes anti-globalização comendo no McDonald's", "Os discursos estão mais inflamados do que eu esperava" e o meu preferido: "Mais Gandhi que Rambo hoje aqui".



Put People First, protesters charging into London's Hyde Park from Dawson on Vimeo.

O sol do início do dia (a chegada da primavera é um espetáculo em Londres) deu lugar a uma chuva de granizo que marcou o fim da manifestação, mas não esfriou a chapa. Tá quente por aqui, senhores presidentes!

24.3.09

=o sentimento não pode parar=

Consegui ver Vasco 2x0 Flamengo ao vivo no domingo. De longe, a torcida aumenta. A saga cruz-maltina para sair da segundona será acompanhada graças à Justin.tv.



Diga lá Drummond:

E viva, viva o Vasco: o sofrimento
há de fugir, se o ataque lavra um tento.
Time, torcida, em coro, neste instante,
Vamos gritar: Casaca! ao Almirante.
E deixemos de briga, minha gente.
O pé tome a palavra: bola em frente.

Fonte: Bola de meia

=almoço de terça=



- fusilli
- mozzarella de búfala
- tomate
- azeitona
- salsa
- suco de abacaxi com coco

21.3.09

=Golden Silvers no Bronze Club=

Chego e o vocalista Gwilym Gold está discotecando e enfileira reggae e funk setentão nas caixas do Macbeth. O pub é pequeno e o clima do Bronze Club, a festa mensal promovida pelos Golden Silvers, é só alegria. Após duas bandas, sobem ao palco os anfitriões e seu stáile retrô. Muito bom show. Gwilym tem carisma, a banda é boa de palco e a platéia curte feliz. Registrei:





Abaixo, versão de estúdio para um dos pontos altos do show:

20.3.09

=Google Street View - London=

Quero muito dar uma conferida no ótimo The Golden Silvers, que toca hoje no Macbeth, em Hackney. Mas como chegar lá? Alguma referência de onde é o lugar?


View Larger Map

Lançado há dois anos nos Estados Unidos, chegou aqui o Google Street View. O serviço disponibiliza imagens em 360 graus das ruas de 25 cidades do Reino Unido. É colocar o endereço e visualizar o local. Um carro com uma câmera especial rodou cerca de um ano fazendo milhões de fotos para o banco de dados. Como as imagens são de um ano atrás, ainda estão lá lojas que fecharam por causa da crise (como a Zavvi, de CDs), o pub aqui do bairro aparece em obras e assim vai. Apesar da grita de alguns de que o serviço facilita o planejamento de crimes e de que é invasão de privacidade (rostos e placas foram apagados, mas muitas imagens capturam momentos embaraçosos, como mijada no meio da rua, traficantes, e o próprio carro do Google sendo multado), a novidade já pode ser usada por quem procura onde morar e quer dar uma olhada em alguns endereços antes de marcar com a imobiliária; ou para dar uma passeada pelo bairro e descobrir pubs, mercados e praças; ou para compilar trabalhos de street art; ou até para achar referências que facilitem a ida a um show do Golden Silvers.

E se juntarmos o CCTV com o Google Street View? Comerciais, por favor.

=We're all criminals now=

Uma amiga voltava da noitada com o namorado quando, ao tentar entrar em casa, percebeu que não estava com a chave, tinha perdido. Pediu que o namorado quebrasse o visor da porta (um pequeno retângulo de vidro), colocou o braço pelo buraco e destrancou com a chave que ficava na fechadura do lado de dentro. Já estavam de pijama e camisola quando a campainha começou a tocar. Era a polícia. "Nós vimos vocês arrombando a porta!"

Como, se não tinha ninguém na rua?



Esse poste aí na esquina da casa dela tem no topo uma das cerca de 5 milhões de câmeras de vigilância (públicas e privadas) espalhadas pelo Reino Unido, 12 para cada habitante. O sistema é chamado de CCTV (Closed Circuit Television) e incomoda um bocado os britânicos que se orgulham do histórico de luta pelos direitos civis (se fosse na Sapucaí, a Magna Carta já estaria na boca do povo: "e a Magna Carta? aaaaahhhhhh a Magna Cartaaaaa, calma lá ó rei Joãoooo...").

Comparações com o Big Brother do livro "1984", de George Orwell, e manifestações artísticas criticando o sistema são frequentes. A última casa de Orwell fica em Canonbury Square, em Islington, e bem próximo da placa redonda que informa que ali morou o escritor há centenas de câmeras mirando tudo e todos.

Esse grafite aí embaixo é obra do Banksy (conheçam, sensacional). O cara esperou a madrugada e fez tudo nas barbas da CCTV.




Os Pet Shop Boys acabaram de lançar "We're all criminals now". Neil Tennant, o vocalista, comentou: "Estamos todos sob vigilância constante, como se fôssemos criminosos. Somos tratados assim, mas tudo acaba com um inocente baleado pela polícia. A música é sobre a morte do brasileiro Jean Charles de Menezes, câmeras de vigilância e o fato de termos que dar a impressão digital feito criminosos quando viajamos para os Estados Unidos."

Trecho da letra: "Waiting for a bus in Stockwell, cameras on my back, suddenly hearing sirens, sounding a panic attack. (...) Got the bus to the station, music playing in my head, ran to get on the tube train, police shoot someone dead."



O apoio ao CCTV aumentou consideravelmente após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, em Nova York, e 7 de julho de 2005, aqui em Londres. O argumento normalmente é: se não faço nada de errado, não tenho motivo para ser contra, e me sinto mais seguro com as câmeras.

Na cadência do medo, o show de Truman segue em frente. O melhor é não perder a chave de casa.

18.3.09

=acidente na cozinha, sinhá não quer=

Foi o seguinte: ontem era dia de receber os amigos Helena e Guilherme - que moram na Finlândia - para um jantar. Peguei a panela que estava em cima da mesa, lavei, enchi de água e botei para ferver. De repente o alarme de incêndio começou a apitar freneticamente. Helena deu um pulo na cadeira, Clarice olhava o fogão sem entender e eu me livrei dos sapatos, subi na mesa e arranquei a bateria do alarme (fica no teto), afinal, nada estava pegando fogo. Em um segundo uma fumaça mal-cheirosa saiu de baixo da panela feito gelo seco em palco do RPM. Sabe-se lá como, oh Ofélia, um descanso de cortiça estava ali, entre a panela e o fogo, tostando feito bacon de carrocinha de pipoca da Leopoldina. Sim, foi da mesa para a pia, suportou uma "lavada" (entre aspas, pois de acordo com minha pequena foi porco não ter lavado embaixo) e foi direto para o fogo alto. Havia grudado embaixo da panela.

Fumacê, fedor e um descanso queimado que sujava tudo em volta. Foi um início aterrorizante para as visitas, mas vinho e cerveja sempre ajudam.

=correspondência macabra=



Chegou essa propaganda da Sky para a quase-vizinha. E aí? Procuro a bailarina do pé-cascudo ou deixo quieto?

17.3.09

=almoço de terça=



- strogonoff
- arroz (grudou de novo! mesmo com todas as dicas que recebi)
- batata assada com salsinha
- suco de uva de caixinha (de novo)

Comprei uma carne da categoria de um Odvan. Tava ruim de mastigar. O resto foi bonito. Depois conto um grande acidente culinário que rolou...

Até a próxima terça!

16.3.09

=rough trade=

Rough Trade: destino certeiro para quem é aficionado por rock (principalmente). Uma tarde lá é sempre agradável: descobrir boa música nos cds que ficam disponíveis para audição em vários pontos da loja, ler nos sofás, comer um sanduíche ou tomar algo na lanchonete, passar o olho nas infinitas filipetas de shows alternativos, assistir a um show nos fundos da loja. Como selo, lançaram ou distribuíram discos de Smiths, Strokes, Libertines, Little Joy... tá bom pra você? O ótimo documentário "Do it Yourself - The Story of Rough Trade", que passou sexta passada na BBC4, esmiuça essa batalha por um caminho alternativo à indústria fonográfica. Recomendo.

13.3.09

=homens mais ricos dão mais=



Que projeto gráfico, hein!? É um jornal brasileiro em Londres (Brazilian News). As manchetes são quebradas e geram coisas como "Homens mais ricos dão mais", "Barack Obama toma posse como primeiro", "Nasce o primeiro filho da", "Mais de 500 pessoas assistiram"...

11.3.09

=comidas=



Lá na Brick Lane. É seguir a seta e encontrar isso aqui:











E nóis, com feijoada, brigadeiro, pudim, broa...



Tipo Feira das Nações lá do Santa Rosa, em Cabo Frio, diz aí. Tô pensando em fazer um =almoço de terça edição especial= lá. Alguma dica? Vamos de Sri Lanka?

10.3.09

=almoço de terça=

Vacilei. Queria fazer com carne moída mas esqueci de descongelar. Ficou assim então:



- cenoura, tomate, beringela e batata cozidos
- arroz
- salsa
- bebida: suco de uva de caixinha

Oh, Ofélia, por que sempre que faço arroz fica uma camada grudada na panela?

Semana que vem voltamos com a maravilhosa cozinha de Felipe Schuery.

9.3.09

=reggae de domingo=

Domingo de chuva e muito frio. Comprei jornal e parti para um reggae na Brick Lane. Tarde de 100% Dynamite e muita lembrança do meu irmão e de todos os camaradas que iriam aproveitar os gravões que saíam das caixas. Todo o primeiro domingo de cada mês, de graça.

7.3.09

=data crônica=



Está pronto o "data crônica". São 14 músicas que compus entre 2004 e 2008. Não se encaixavam no Lasciva Lula e iam ficando cada vez mais amarradas entre si, daí ter virado um disco solo. É fruto de prazeres e angústias diante da avalanche de informação diária que recebemos.

Fred Luna, Jamil Li Causi, Marcello Cals e o professor pardal e produtor guga_bruno tocam no disco. A capa foi feita pelo FFT, sobre ideia egocêntrica minha.

Você pode ouvir seis músicas on line ou baixar o disco todo.

6.3.09

=se anima não?=

Michael Jackson voltou...



Ronaldo...


Faith no More...



E aí, Raduan, não se anima, não?

5.3.09

=figurinhas=

Dá uma olhada nesse álbum de figurinhas da Copa de 70. Todo completo por £30 no Old Spitalfields Market.





Fila 1 - Ado, Carlos Alberto (os cornos do filho), Brito e Clodoaldo
Fila 2 - Edu, Gerson, Jairzinho e Joel
Fila 3 - Leão (com cara de poucos amigos desde novo), Dirceu Lopes, Pelé e Wilson Piazza
Fila 4 - Toninho, Tostão, Rivelino (mas... e o bigode!?) e Zé Maria




Tá lá na banquinha ainda. Tem também o álbum da Copa de 78, vários programas de jogos antigos da liga inglesa e figurinha a dar com pau. Ou, como dizem lá em Cabo Frio, tem figurinha pra mais de metro.

=pilha=


(Essa chegou pelo Lucas)

Fornecedor da Amazon larga milhares de livros num galpão. Deleite para bibliófilos ou revendedores? E-bay, prepare seus 0s e 1s para essa pilha aí.

A cerca de duas horas e vinte minutos de casa. Por menos de um segundo cheguei a pensar em pegar um ônibus pra lá.

3.3.09

=almoço de terça=

Tá feio, mas ficou bom. Um pouco apimentado, aliás...



- pão árabe
- tomate
- manjericão
- presunto
- batata queimada com alho amassado, azeite, pimenta, sal e vinagre balsâmico

A maravilhosa cozinha de Felipe Schuery, toda terça, neste blog.

=4 acordes para x melodias=

Essa chegou pelo Lauro.

O trio australiano de comédia The Axis of Awesome juntou trinta e cinco canções que usam a mesma sequência de acordes. Muito bom. É infinita a lista de músicas que entram nessa. "No woman no cry" é toda assim. Chico lembrou do Green Day, que já abusou dessa harmonia. Os refrões de "Pra matar a fome" e "Mimo", do Lasciva Lula, engrossam o caldo.

Eu sempre fico meio paranóico quando componho, achando que aquilo já existe. Usar a mesma sequência harmônica às vezes não é problema, mas quando a melodia esbarra em outra... CRISE! Recentemente Joe Satriani e Coldplay ganharam manchetes pela semelhança de melodias entre "If I could fly" e "Viva la vida". Na época do Bossanova (1990) o Frank Black entrou numa quando ouviu "Summer in the city" (1966), do Lovin' Spoonful, porque achou que a parte

And babe, don't you know it's a pity
That the days can't be like the nights
In the summer, in the city
In the summer, in the city

era idêntica a outra de "Velouria", do Pixies:

we will wade in the shine of the ever
we will wade in the shine of the ever
we will wade in the tides of the summer
every summer
every summer


Ele estava num bar com o jornalista Johnny Angel, que emendou:

- Relaxa, é coisa do subconsciente. E não é a primeira vez que acontece com você.
- O quê!?
- O que é "Here comes your man" senão "Never my love", do Association?

Tá lá no Fool the world - The Oral History of a Band Called Pixies, de Josh Frank e Caryn Ganz.

1.3.09

=são cool=



O Urbe já tinha registrado que São Paulo começava a tomar o lugar do Rio como primeira cidade a ser associada ao Brasil por um estrangeiro. Em 20 de fevereiro o vespertino London Lite (tiragem de 400.000 distribuída gratuitamente nas entradas do metrô da área 1 da cidade) publicou a matéria “Brazilian hotspot really is São Cool – With its underground music and arts scene, you’d be nuts to miss out on this city”. E dá-lhe São Paulo.

Apesar de você encontrar gente lendo de tudo no metrô, os jornais thelondonpaper e London Lite são os hits. Começam a ser distribuídos às 16h, passam de mão em mão, ficam pelos bancos, ressuscitam em outras mãos, até os funcionários limparem os vagões para o dia seguinte. São popularescos até a alma, fofoca de celebridades sobra, mas você também acha resenha de show do ex-Libertines Pete Doherty, matéria com Fleet Foxes, The Virgins, dá para matar o tempo entre uma estação e outra. No meio acadêmico, os professores alertam os estudantes estrangeiros que tropeçam nos astros desastrados: não ouse fazer citação de um jornal desses.



Às aspas então: "Brazilian hotspot..." aponta um renascimento cultural da cidade, com novos teatros, galerias e museus (não fala quais), cena musical fantástica (“I have a drink at my hotel with the local blogger Eduardo Pugnali, an expert on the area’s bands. He gives me some insider’s tips: ‘You need to listen to Télépathique’, he enthuses, ‘They’re the next big thing from Brazil’”), cita artistas como os grafiteiros Os Gêmeos, a cantora do CSS Lovefoxxx, lugares como a Funhouse, a Vila Madalena (“it’s like the Camden Town of São Paulo”) e o “Ibirapuera Park, São Paulo’s answer to Hyde Park.”

Curtiu as comparações? O malandro ainda se gaba de ter furado fila: "The most popular bars have queues to get in, but we sweet-talk the hostess outside São Jorge. Her eyes light up when I tell her I've come from London."

Well done.



Nota: há várias referências a Eduardo Pignali na internet, mas blog eu só encontrei esse.

=segura essa, dj=



Esse comercial de chocolate foi lançado no fim de janeiro e virou febre por aqui. Já dá para achar um punhado de paródias no YouTube. Até a Lily Allen entrou na dança num programa do Channel 4. Dá uma olhada na catiguria dessas filipinas aí embaixo.