30.8.09

=número de série, live at Hampstead Heath=



número de série
(felipe schuery)

se afogou em números/da boca escorria uma parte do rg/expeliu as senhas somente depois que o socorro chegou/subtraindo, dividindo e apagando/aplicando equações, descobrindo pis/pasep/cpf, agência, conta, inscrição/telefones de casa, do escritório/celular do chofer e da amante.../aí armou-se o banzé/e a mulher gritou no pé do ouvido do marido/o número de série do revólver que estava na gaveta

24.8.09

=a letra da canção desgovernada, live at Hampstead Heath=



a letra da canção desgovernada
(felipe schuery)

forasteiro arrombou a porta
invadiu a letra da canção
estragou meu argumento
desestruturou meu fim
a donzela que estava prometida para o refrão
foi deflorada logo na primeira estrofe
passou a fumar
soprou fumaça na minha cara
exclamou: "fui maltratada e confesso que gostei!
leve-me para o refrão com outros três!"

fascinante aberração
cortejo de horrores
a letra da canção desgovernada
grande show de atrações
um circo monstruoso
a letra da canção desgovernada

bandoleiro fortemente armado
educado, veio conversar
convidou-me para um tiro
disse me admirar
mas pediu com gentileza que a letra da canção
priorizasse moda e amenidades
passei a fumar
tomei cachaça da mais barata
praguejei contra a cascata do letrista popular
que conduz a criação sem padecer

fascinante aberração
cortejo de horrores
a letra da canção desgovernada
grande show de atrações
um circo monstruoso
a letra da canção desgovernada

15.8.09

=contranada, live at hampstead heath=



=data crônica=
contranada
(felipe schery)

bolo no forno/tem folha de sonhos/aluguei 2001/comprei colchonetes/equipei o som/dentro do mundo/país, cidade/bairro, prédio, sala e tela/cabeça no espaço/que a moldura (não?) enquadrou/caixa-crânio sem xyz/fim do alfabeto/contranada em mim

13.8.09

=êêê, meu amigo charlie=

Estou fissurado nesse clássico da música popular brasileira aí embaixo. Benito di Paula, nascido Uday Veloso (isso mesmo, Uday), fez a letra como se estivesse recebendo Charlie Brown (isso mesmo, o personagem) em terras brasileiras, apresentando as coisas boas da terrinha.

Apesar da menção aos urubus, a música é sensacional.



Veja de onde veio a inspiração.

"Fiz a música na época em que eu morava em uma pensão de italianos, e eles liam a revistinha em quadrinho e riam à beca. Um dia, pedi para traduzirem para mim, eles traduziram e aquilo me deu a idéia de montar uma história como se o Charlie Brown estivesse chegando no Brasil e eu tivesse que apresentar o país a ele."

Fonte: Gazeta Online

12.8.09

=almoço de terça (atrasado)=



- quiche provençal
- quiche tourrangelle
- tarte noix de coco (sobremesa)
- crumble (sobremesa)

Isso para dois, claro.

Se fui eu que fiz? Claro que "dão". O =almoço de terça= não deixará de ser tosco de um país para outro.

9.8.09

=hampstead heath=

Hampstead Heath é meu parque londrino preferido. Grande, trilhas e trilhas no meio da mata, bela vista da cidade no Parliament Hill, piquenique no gramado da Kenwood House nos fins de semana, natureza selvagem, lagos para banho, bancos de madeira em homenagem aos que já partiram e ali curtiam a vida, molecada brincando, shows, coelhos, esquilos, enfim, paisagem espetacular e opções para quem quer zoeira ou tranquilidade.

Outro dia bateu aqui na porta um carinha de igreja evangélica. Perguntou se eu queria viver num lugar como o que aparece no folheto.



- Claro, todo mundo gostaria - respondi.
- Então entra para nossa igreja.

Eu quase respondi a ele que não precisava, era só ir a Hampstead. Tá vind para Londres? Pegue a Northern Line e dê um pulo lá.

6.8.09

=conglomerado americano de entretenimento, live at hampstead heath=



=data crônica=
conglomerado americano de entretenimento
(felipe schuery)

grandes corporações são poucas/cada vez menos, cada vez maiores/a farmácia ali da esquina foi comprada/pela empresa de tecidos lá da china/e ela faz parte/de um conglomerado americano de entretenimento/o jornal esconde/que os remédios estão podres/o jornal esconde/os escravos tecelões/o jornal esconde/que as ordens vêm de longe/o jornal esconde, o jornal esconde (what about these news?)/supergigantemegamaxiultra/hiper turnês com produção de deus/o estádio centenário foi abaixo/pra que fosse construída a igreja pop/ e ela faz parte/de um conglomerado americano de entretenimento/o jornal esconde/que calaram gente a bala/o jornal esconde/a propina do pastor/o jornal esconde/que as ordens vêm de longe/o jornal esconde, o jornal esconde (what about these news?)

4.8.09

=almoço de terça=

Último =almoço de terça= direto de Londres. Como é tempo de mudança, tentamos acabar com tudo o que está nos armários e na geladeira, então a receita foi o acaso. De novo, obra da visita da vez, minha mãe.



- arroz com alcaparras
- nuggets
- salada

="tantos", live at hampstead heath=



=data crônica=
tantos
(felipe schuery)

disseram que é bom partir/eu li que é melhor ficar/o telejornal diz que basta voar/tarólogos estão em dúvida/tem site que desmente tudo/índios, com fumaça, mostram como é fácil/quem mais pode me socorrer?/quem vou escutar, visto que são tantos?

3.8.09

=cocada do adão=

Antes de vir para Londres, minha mãe perguntou se queríamos algo do Brasil. Eu não quis nada. Como o =data crônica= já registrou, aqui é possível achar produtos brasileiros fácil, fácil.

Como mãe é mãe, paca é paca, fomos presenteados com algo impossível de se conseguir nessas bandas: cocada do Adão. Se você já foi a Cabo Frio e não comeu a cocada do Adão, volte e procure a barraquinha que fica em frente à Drogaria do Povo, na praça Porto Rocha. Tem cocada da preta, da amarela e da branca. Chocolate, leite condensado e coco. Há anos o Adão bate ponto lá. A cocada dele é daqueles doces que acionam a gula sem piedade.

Para brindar o momento inesperado e inesquecível de comer a cocada do Adão muito longe de casa, levamos os quitutes para um rolé por pontos turísticos. Esbarramos algumas vezes com o anão de jardim de O fabuloso destino de Amélie Poulain.

Obrigado, mãe. Obrigado, Adão.


Château de Villandry


Jardins do Château de Villandry


Château d'Azay-le-Rideau


Big Ben

30.7.09

=almoço de terça (atrasado)=

O primeiro atraso da história do =almoço de terça= tem a seguinte explicação: Londres continuará no mapa, mas vai ficando na memória; a partir de agosto o =data crônica= postará de Tours, coração do Vale do Loire, na França. Na terça que passou, estávamos lá preparando a papelada. O almoço rolou e foi fotografado, mas não tínhamos internet.

Ainda mais especial que o primeiro da série direto do Vale do Loire é o fato de ter sido preparado com a ajuda da minha mãe, nossa visita da vez. Ó que beleza! F-A-R-O-F-A (ela trouxe a farinha do Brasil)!



- farofa com ovo
- salada com queijo emental ralado
- bife de frango com molho de manjericão, manteiga e mostarda forte de Dijon
- pão
- vinho (o Beaujolais mais barato do mercado já é gostoso)

22.7.09

=charme e música tosca=

Ontem, na Pure Groove, Au Revoir Simone. Trio de Nova York, só mulheres, só teclado e percussão. As três cantam e cantam bem. David Lynch declarou recentemente via Twitter que se amarra.

As moças erram muito, param música no meio e começam de novo, se confundem na entrada de um ou outro vocal e... conquistam o público com sua música tosca. Charme e carisma são para poucos, música qualquer um faz.


via George Aizawa


via George Aizawa


via Anika





-----------------------------
(atualização)

Esqueci de coisa importante: decidi ir ao show depois de ler em alguns blogs daqui sobre o Au Revoir Simone. Eis que ao mesmo tempo recebo um email do Brasil, de uma francesa, também indicando o show. Tornou-se, pois, obrigatória minha ida. Tomei o rumo da Pure Groove pensando em reportar para minha amiga brasileira-francesa o que as moças de Nova York faziam em cima de um palco. Taí, Julie, elas são toscas mas são cult. Obrigado pela dica!

=almoço de terça=

Crise: bati a foto do macarrão com mozzarella de búfala, manjericão e tomate, mas deu creca e a foto sumiu. Então vai um tapa buraco feito lá em março, quando eu enfiava todo e qualquer legume, encharcado de azeite, no forno. Essa legumada aí foi com frango.

20.7.09

17.7.09

=hey, baby! uhúúúúú hahaha=

Tá nervoso? Senta o facho e ouve aí a nova do Kings of Convenience, "Mrs. Cold".



O disco sai no fim de setembro. Aqui você consegue ouvir uma cacetada de música nova, só clicar no "more info". Vai nessa, filhão.

16.7.09

=direita, esquerda e o certo=

Eu tinha medo de uma morte estúpida, no momento em que pisei em Londres: atropelamento. Aconteceria quando eu, ao atravessar a rua, olhasse para o lado errado, confuso com a mão do trânsito por aqui. Direita? Esquerda? Qual é o certo?

Acontece que Londres cuida de seus imigrantes.



"Look right" e "look left" estão pintados nas principais ruas da cidade. Só não vale obedecer cegamente: no caso acima, olhar para a direita e, ali no final da travessia, olhar para a esquerda. Eu já vi gente fazendo isso.

O medo agora é de outra morte estúpida: ainda atropelamento. Aconteceria quando eu, já no Rio, atravessasse a rua olhando para a mão inglesa.

14.7.09

=almoço de terça=



- frango assado ao molho de laranja
- tomate assado
- arroz basmati
- legumes

11.7.09

=todas as cervejas do mundo=

Passei muitos domingos de 2008 curtindo um projeto que criei com Chico: Todas as Cervejas do Mundo. Era o seguinte: nos reuníamos para assistir ao futebol na TV (normalmente alguma derrota do nosso Vasco rumo à Segundona) e beber a maior variedade de cervejas importadas possível. Tinha uruguaia, alemã, belga, mexicana, argentina...

Em Londres, capital mundial dos imigrantes, chega produto de tudo que é lugar do mundo (tudo mesmo). Sabendo aonde ir você consegue Guaraná Antártica, pão de queijo, farofa, açaí, biscoito Bono (tem brasileiro que sofre com os biscoitos recheados daqui e corre atrás para comer o bom e velho Bono de chocolate).

Com cerveja não é diferente. A maioria dos mercadinhos da cidade (Food & Wine ou Off License, como são chamados) é capitaneada por estrangeiros. Aqui perto de casa costumo ir em dois: um de um carinha simpático do Sri Lanka (que não aceita cartão porque a máquina está sempre quebrada); outro de turcos (que taxam em 50 centavos qualquer compra no cartão). Nesses mercadinhos estão as melhores promoções de cerveja: 6 por 5, isto é, seis latas de 500ml por cinco libras. O Todas as Cervejas do Mundo teria sido bem mais variado se houvesse um desse na nossa esquina.



Dois destaques negativos: a jamaicana Red Stripes (que segundo minha pequena tem gosto de Fandangos) e a britânica John Smith's (que vem com uma espécie de bola de pingue-pongue dentro da lata - ainda não descobri por que). As outras aí da foto são boas. Há as mais comuns (a australiana Foster's, a belga Stella Artois, a francesa 1664), o orgulho britânico (Guinness) e as muito, muito boas (destaque para as polonesas; todas na base da pirâmide aí da foto). Minha preferida: a Zubr (latinha verde com um bisão).

No oceano de latinhas que eles oferecem, já me confundi e peguei latinha de cidra. Aí na foto, só uma não é cerveja. Descobriu?

Já não vejo jogos de futebol com a mesma frequência, mas o Todas as Cervejas do Mundo continua a todo o vapor. Meu objetivo imediato é completar essa pirâmide da foto. Faltam quatro. Dá licença, vou ali nos turcos.

7.7.09

=almoço de terça=



- rúcula com molho de iogurte, mostarda, limão e azeite
- arroz basmati
- pimentão verde com carne moída
- vagem frita no azeite

3.7.09

=sol, cerveja e blur: isto é londres=



O primeiro ato programado para a volta do Blur, depois de quase sete anos separados, foi um show no Hyde Park. Escolha simbólica. Lugar perfeito para cantar novamente a vida mundana da juventude britânica que adentrou o século XXI, para as crônicas irônicas sobre hedonismo e tédio, para o desfile de hits que falam direto a uma geração. Lugar exato em que Damon Albarn teve a idéia para fazer uma das canções mais significativas da banda. Foi numa caminhada ali, entre casais de mãos dadas e gente alimentando pombos, que "Parklife" começou a tomar forma. Ontem, teve o refrão cantado em júbilo.

Aqueles que presenciaram o show no Hyde Park em 2 de julho de 2009 tem, em sua maioria, entre 20 e 35 anos. Ali era lugar para qualquer um curtir boa música, mas tinha um significado maior para a juventude que viu o fim do século chegar sem trazer nada especial. Gente que esperou a virada para o ano 2000 como Didi e Gogo esperam Godot. Gente que cresceu apolítica, celebrando manhãs sem nada para fazer, a falta de compromisso, a diversão. Que superou cada ressaca para se jogar novamente em bebedeiras e adiar responsabilidades sempre um pouco mais.

A tristeza e a alegria plena são quase o mesmo sentimento nas canções do Blur. A satisfação de não fazer nada se mistura com tédio e sai em jorros de triunfo com o clima festivo dos feriados. Conte quantos "holiday" tem em músicas do Blur, quantos relatos de dias enfadonhos ou de inércia em frente da TV, quantos personagens desajustados. A eterna espera passiva por um mundo melhor. Dias inofensivos, antes de 2 milhões de pessoas marcharem por Londres até o mesmo Hyde Park, em 2003, na manifestação anti-guerra que inspirou "Out of Time". Damon lembrou emocionado da passeata antes de tocar o hino que marca o último suspiro da banda, Think Tank (já sem muita inspiração, já engolido pela ressaca do Brit Pop, já numa época bem diferente da que começaram, já sem Graham Coxon).

Mesmo que a tensão criativa esteja entre Albarn e Coxon, o Blur é um grupo de quatro amigos que cresceram juntos. Sem um deles, como aconteceu, a banda acaba. Não imagino a banda como o atual Oasis, com incontáveis mudanças na formação, trocando elementos como pequenos ajustes de percurso. O Blur é aquela mistura esquisita de personalidades.


Foto: Gigwise

Damon Albarn é o capitão, o comandante da celebração. Joga em todas. Toca violão, berra no megafone, sussura uma melodia doce, salta para a galera, se esparrama no chão. Está em forma (exceto pelo dente da frente que os dias de loucura do Brit Pop levaram), incansável, sorridente, emocionado em contar com tanta gente a sua frente mesmo depois de anos sem um alô da banda. "Esse parque é muito bom... lagos, o Speaker's Corner." "Ohhh, virem-se para ver o pôr-do-sol." "Deem um alô para a lua que chega." No astral de ontem, se estivesse na praia de Ipanema certamente saudaria com palmas o pôr-do-sol.


Foto: Gigwise

Graham Coxon é o gênio atormentado. Intercala caras estranhas de quem preferiria estar tocando sozinho, trancado num quarto, com saltos empolgados e solos catárticos de joelhos. Na entrada no palco, enquanto Albarn e James olhavam fascinados o mar de 50 mil pessoas, Graham passou as duas mãos na cabeça, da testa à nuca, como quem pensa nervoso, numa mistura de sensações: "Caralho, caralho, que porra é essa. Me tira daqui. Tô doido pra começar." Sua guitarra cheia de texturas é marca inconfundível da banda. Foi o que mais me impressionou naquele dia de semana em que o Metropolitan, no Rio, ficou vazio pra receber os reis da Inglaterra.


Foto: jellybeanz

E quem é aquele coroa rechonchudo na bateria? David Rowntree espanca o instrumento em "Song 2" e marca o ritmo suave de "The Universe" com a mesma expressão no rosto. Como se pensasse o tempo todo na Teoria da Responsabilidade Civil ou na Dogmática Geral do Direito. Passa longe da aparência de popstar, de baterista de uma banda de rock. Tá mais para vizinho silencioso e simpático, pai de família, que tem prazer em fazer churrasco todo domingo. Concorrerá pelo Labour Party a uma vaga no parlamento nas próximas eleições. É sério.


Foto: Gigwise

Se Coxon, Albarn e Rowntree perderam alguns centímetros de altura com a leve corcunda que o tempo traz, Alex James ainda tem postura jovem, de estrela do rock. É a elegância em pessoa. Sempre sorrindo, cumpre o papel que foi de Paul Simonon no Clash: baixista certeiro e muito estiloso. Quase certeiro, devo dizer: em "Coffe & TV", enquanto Graham solava, Alex e Damon se embaralharam com os acordes por segundos, riram em cumplicidade e tudo voltou ao caminho certo.

A turma se reencontrou e está em forma. Contaram no palco com um tecladista, quatro pessoas no coro e três nos metais. Foi um showzaço, com clássicos enfileirados e público em êxtase, relembrando os velhos tempos e aproveitando o festejo. "Girls & Boys", "Parklife", "Song 2" e "Country House" são os petardos máximos (veja nos vídeos abaixo como fui rebocado; nenhum movimento de câmera foi intencional). "The Universal" (que bela maneira de terminar) e "Tender" tiveram o refrão entoado na saída até os túneis lotados do metrô.



A banda certa, no lugar certo da cidade certa. Londres foi homenageada. Não a Londres da chuva, a cidade cinza e fria, mas a das noitadas infinitas, dos feriados ensolarados com cheiro de churrasco, muita cerveja, parques cheios. As últimas palavras de Damon Albarn indicam o caminho sem fim: "Enjoy the summer!"

Carpe diem, parceiro. Para sempre, carpe diem.


Viram a moça baixinha, de olho puxado, no meio do caos? Logo depois ajudei a abrir espaço para ela sair. Muita pressão.







Monte aí o repertório num playlist:

"She's So High"
"Girls & Boys"
"Tracy Jacks"
"There's No Other Way"
"Jubilee"
"Badhead"
"Beetlebum"
"Out of Time"
"Trimm Trabb"
"Coffe & TV"
"Tender"
"Country House"
"Oily Water"
"Chemical World"
"Sunday Sunday"
"Parklife"
"End of a Century"
"To the End"
"This is a Low"
"Popscene"
"Advert"
"Song 2"
"Death of a Party"
"For Tomorrow"
"The Universal"

=antes do blur=

Todos os shows foram escolhidos pelo próprio Blur. Não cheguei a tempo da Hypnotic Brass Ensemble, mas vi todo o show dos favoritos do =data crônica=, Golden Silvers.



Mas só boa música não adianta. Ali, naquele palco gigantesco, diante de cerca de 25 mil pessoas, foi uma apresentação fria, com um som de teclado horroroso. Não rolou.

Depois deles, a espoleta-zumbi do Crystal Castles enlouqueceu o roadie responsável pelos cabos dos microfones (ó ele ali de olho):



Electro nervoso, com vocal agudo, Tati Quebra Barraco stáile. A vocalista é junkie sem-noção (intercalava goles no gargalo de uma garrafa de uísque com outra de vodka). A camisa dela era simplesmente sensacional para a ocasião: "Oasis has aids". O nome da banda veio da casa da She-Ra. Não brinco com coisa séria.

E logo antes do Blur o Foals botou neguinho para dançar com seu rock a Gang of Four.



Bom show. A cozinha segura uma onda impressionante, com as guitarras se embaralhando em notinhas agudas. O timbre do vocalista me lembrou Robert Smith, do Cure. Dá uma olhada na calça de pescador do tecladista.

1.7.09

=All the people, so many people...=

Num desses pocket-shows em lojas, assistimos ao Graham Coxon, guitarrista do Blur, na Pure Groove (baixe Happines in Magazines, seu melhor disco solo). Já tínhamos na mão os ingressos para o show que marca a volta do Blur aos palcos londrinos: 2 de julho no Hyde Park. Ali a expectativa já estava alta.



Hoje, véspera do show, a expectativa vai às alturas com os vídeos do Blur em Glastonbury. Haaaaaaja coração. Os caras ao vivo aceleram as músicas a Ramones...



E pensar que no show que eles fizeram no Metropolitan, no Rio, no auge da banda, sobrava espaço vazio. Esse foi em Manchester, há poucos dias.



ALL THE PEOPLE
SO MANY PEOPLE
THEY ALL GO HAND IN HAND
HAND IN HAND THROUGH THEIR PARKLIFE



Amanhã, HYDE PARK!

(tentei colocar o vídeo de Parklife no Glastonbury, mas aparece "This video is no longer available due to a copyright claim by British Broadcasting Corporation." What's up, mate?)

=pete molinari=

Rolam direto por aqui pocket-shows em lojas de música. Esse vídeo aí fiz em abril, na Rough Trade, no Record Store Day.

Com vocês, Pete Molinari, o Woody Guthrie de Chatham (cerca de 50km de Londres). Dá uma sacada no timbre da voz do malandro.

29.6.09

=sondre lerche=

Ouça aí como esse norueguês é bom nessa porra:



Em setembro, o disco novo. Ouça o primeiro single, "Heartbeat Radio", clicando aí na foto. Boa!

=violência policial no G-20=

Vocês se lembram das manifestações no G-20, quando relatei aqui a violência policial? Para saber o resultado do banzé, clique aí na foto.

27.6.09

=homenagem a Michael Jackson, Londres=

Estive ontem na Liverpool St Station para cantar uns clássicos do cara com uma multidão.



E o que havia ali no meio da galera? Para onde todos olhavam? Por acaso fiquei do lado das caixas de som, onde a rapaziada mandava o moonwalk e tentava imitar o Jacko.

26.6.09

=michael jackson (1958-2009)=



Logo que cheguei a Londres, começaram os rumores de que Michael Jackson faria shows na O2 Arena. Confirmados, me posicionei na frente do computador por volta de 6h da manhã de um dia de semana para comprar ingressos. Consegui. Desde então venho reouvindo os clássicos, imaginando o Wacko Jacko fazendo o moonwalk, cantando aqueles agudos, mexendo a pélvis.

Quando eu era moleque, meu pai me explicava quem eram os Beatles, me mostrava as músicas, contava do tesão de ter comprado o Sgt. Peppers quando saiu... e Beatles, Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison eram para mim história. Coisa boa de descobrir, mas coisa da época dos meus pais. Passado.

A morte de Michael Jackson marca minha linha do tempo. Me vejo tentando explicar a meu filho quem foi esse músico talentoso, esse maluco.

Lembro da molecada imitando os passos no recreio (Neilson era o melhor, sem dúvida), do choque de ver o clipe de "Thriller" no Fantástico pela primeira vez. Assim como meu pai lembra de ter deixado o cabelo crescer, de ter visto "A Hard Day's Night" com um amigo que dizia que usar calça apertada era coisa de viado.

Michael Jackson será para meu filho o que os Beatles foram pra mim. Falo de tempo. Linha do tempo. Mega-artistas de uma geração. Falo da mágica que eu estava prestes a presenciar na O2 Arena, por mais duvidosa que fosse a condição física do Rei do Pop.

Seria uma volta épica (Seria?). Queria ver ao vivo pelo menos o moonwalk. Aquele que foi mostrado pela primeira vez em 25 de março de 1983, na apresentação abaixo. Aquele que o Neilson fazia no pátio do colégio.

23.6.09

=almoço de terça=

Quando a batata tá assim, tem grilo comer?



De uma forma ou de outra, já foi...



- purê de batata com cebolinha
- arroz
- frango
- vagem na manteiga com queijo

Ficou gostoso.

22.6.09

=um pequeno probleminha=

Quando nos mudamos para cá, decidimos não comprar uma televisão. Baixaríamos filmes e séries, o que fosse ao vivo a justin.tv quebraria o galho e ponto, nada de gastar libras e tempo com isso. Hoje temos uma TV.

Disse a portuguesa que morava aqui:

- Comprei uma nova, vou deixar essa para vocês.
- Quê isso, tem ceteza? Obrigado...
- Pois, só tem um pequeno probleminha, vejam e decidam se querem.

Muitíssimo gratos, aceitamos sem nem ligar o aparelho. Até arrumarmos toda a mudança, a TV ficou encostada num canto.

Para assistir televisão aqui no Reino Unido você precisa ter licença, pagar unzinho pro governo (cerca de 127 libras por ano, para TV colorida). Motivo: como a BBC não tem comerciais, os telespectadores é que financiam. A emissão do sinal é controlada, então se o sistema indicar o uso sem pagamento, chega uma cartinha avisando que eles não são bobos. Se continuar, nêgo vai bater na sua porta. Se você for uma pessoa ainda assim insistente, multa de 1000 libras.

Com dinheiro a menos no bolso, finalmente ligamos. Um segundo de suspense. Qual seria o pequeno probleminha? Controle com mal contato? Demorava a ligar? Desligava fazendo um grande estalo?



Desde então assistimos TV assim, numa boa, e muito agradecidos. Só relevando "um pequeno probleminha". Com sotaque, virou bordão aqui em casa.

20.6.09

trecos, truques, traquitanas (7)

O negócio aqui no intestino e na bexiga é anárquico, eu não governo. Em dia de turismo, de passeio pela cidade, com biscoito e garrafinha d'água na mochila, saio certo de que vai acontecer: de repente estarei procurando um Starbucks ou um McDonald's (fica a dica, bons banheiros) para alívio geral. Então esse pedaço aqui da Fleet Street é um oásis, um do lado do outro:



E tem mais. Logo antes de momentos importantes (foi assim no vestibular, já na sala para fazer a prova; também antes dos shows do Lasciva Lula), dá um revertério e o intestino grita: libera, maluco. Daí que já tive que parar em muito banheiro-trainspotting de beira de estrada.



Dizem que o Rivelino vomitava antes de partidas decisivas. Enfim, e qual é o truque da semana? Com toda essa experiência que adquiri na vida, aprendi uma técnica sensacional para esses casos de banheiros-trainspotting. Foi Carla Perez que ensinou: bota a mão no joelho e dá uma abaixadinha.



É claro que não é um momento tão gracioso como esse, e eu não tenho tamanha generosidade, mas a voz que vem na minha cabeça também é a do mestre Cumpádi Washington: "Desce, ordinário!"

16.6.09

=almoço de terça=

Esse é o =almoço de terça= especial de aniversário. Taí o cartão que ganhei da minha pequena (nada mais inglês).



- tagliatelle com molho de gorgonzola
- tomate
- ervas da Provence

E depois teve bolo e "Happy Birthday".

=hoje, aqui e agora=

Londres, 16 de junho de 2009. Essa é a música que eu gostaria de ter acabado de compor.



Blue Jeans
(Damon Albarn, Graham Coxon, Alex James and Dave Rowntree)

Air cushioned soles
I bought them on the Portobello Road
On a Saturday
I stop and stare a while
A common pastime when conversation goes astray

And don't think I'm walking out of this
Coz she don't mind
Whatever I say
Whatever I say
I don't really want to change a thing
I wanna stay this way forever

Blue, blue jeans
I wear them every day
There's no particular reason to change
My thoughts are getting banal
I can't help it but I won't pull out hair another day

You know it's to be with you

14.6.09

=a melhor comédia de todos os tempos=

O Canal 4 fez um programa com as 50 melhores comédias de todos os tempos. Teve de Woody Allen a "Quem vai ficar com Mary?" e "Corra que a polícia vem aí". "Apertem os cintos, o piloto sumiu" pegou o vice. O primeiro lugar era barbada. Você tinha dúvida?



12.6.09

=trecos, truques, traquitanas (6)=

Para subir uma escada, pise com o meio da sola do pé na quina dos degraus. Seus calçados vão durar menos, mas vale a massagem. E ainda deve ativar alguma coisa, melhorar circulação, evitar varizes, por aí. Na sola do pé estão os pontos-chaves para aliviar todas as dores do seu corpo. Parei.

9.6.09

=almoço de terça=

Esse foi parceria com minha pequena. Idéia dela, inclusive.



- salada de rúcula com limão
- pimentões coloridos recheados com carne moída e arroz

8.6.09

=entardecer=

No momento em que o sol estiver baixando aí no Brasil, aqui também o fará. Maio se foi, junho chegou e a temperatura aqui bate 25°C com sol queimando os cornos ingleses até 22:00h mais ou menos (18:00h daí). Sim, fica claro até essa hora e a tendência é que no verão escureça só lá pras 23h. Ainda não me acostumei com os apresentadores de telejornal noturno ou as pessoas no mercado dizendo "boa noite" com tanta claridade nas janelas. No Brasil associamos a noite ao escuro; em Londres, nesse período, noite é coisa do relógio. Parece que o dia não tem fim, a cidade fica mais ativa, climão de férias, cheiro de churrasco e grito da molecada nas ruas. Algo distante da cidade em que cheguei, com neve, escuridão às 16h, silêncio e introspecção. Se naquela época eu só achava as pessoas dentro dos pubs, meio sorumbáticas, hoje é só caminhar nas calçadas que estão todas lá, sentadas do lado de fora dos pubs, pints sobre a mesa, sorrisos e pele rosada. Um sul-africano que conheci diz que os britânicos são muito introspectivos fora do verão, capazes de frequentar o mesmo pub por meses antes de falar "oi" com o companheiro de birita no balcão. No pub perto de casa, desde sempre recebi cumprimentos. Quando estou indo embora e dou boa noite, o alcóolatra da primeira mesa à esquerda da entrada fala enrolado: "See you, buddy!" Estou certo de que não é por conta do sol.



Londres, junho, 22h.

7.6.09

=bitte orca, dirty projectors=

Para entortar a cabeça de neguinho que acha que já ouviu de tudo em música pop. Clica na capinha para ouvir em streaming até o dia 9 de junho. Depois é comprar ou caçar para download.

5.6.09

=trecos, truques, traquitanas (5)=

Para tornar menos tediosa a escovação dos dentes (só não é mais chato do que fazer a barba), divido a boca em seis partes e por análise combinatória vou variando a sequencia das ações. As partes são essas (em edição de imagem sublime do =data crônica=):

(E sempre finalizo com a escovação da língua.)

Se fizermos as contas, teremos 6x5x4x3x2x1 sequencias, o que dá 720 jeitos diferentes de se escovar os dentes. Não pense que eu faço um por um, metodicamente, ou que tenho um caderno para anotar o que devo fazer a cada manhã na frente da pia. É na emoção mesmo. Ultimamente ando favorecendo um início com ponta dos dentes da arcada superior, seguido das pontas da arcada inferior. Fico estimulado só de pensar com que parte começarei a próxima escovação.

4.6.09

=nice people take drugs=



Esta é a campanha que a Release está lançando por aqui. A instituição dá assistência especializada gratuita a usuários e luta por uma nova abordagem nas campanhas educacionais relacionadas ao uso de drogas: encará-las como parte da condição humana, focar a discussão em como diminuir o lado negativo do uso (em vez de simplesmente demonizá-las).

Tem gente já questionando o slogan, que parece dizer que tomar drogas é cool, quando na verdade a intenção parece ser "Pessoas legais TAMBÉM usam drogas", isto é, o problema não é usar, mas COMO usar. Ou como usar sem que isso traga consequências negativas.

É polêmica boa. Dê uma olhada no texto da Release sobre a campanha, publicado no Guardian.

3.6.09

=chuva no rio=

Vasculhando os arquivos aqui, achei um registro de uma música que fiz alguns anos atrás, sobre poema do Guto Graça, publicitário, que aliás não vejo há mais de 5 anos. Desafino várias vezes, mas taí:



Chuva no Rio
(Felipe Schuery/Guto Graça)

a chuva deixa o meu Rio
num cenário que mais parece
a contracapa dos discos ainda em vinil das bandas inglesas dos anos oitenta
deixa na minha boca um gosto de saudade
dos dias que ficava em casa
sem ir pro colégio
vendo sessão da tarde

amo a chuva
amo São Sebastião do Rio de Janeiro
e amo você
e amo você

Não tenho o poema original, então o título e as divisões dos versos fiz de memória (falha, falha...)

=arrows of eros, golden silvers=

Eu pensei em parar de falar um pouco do Golden Silvers, mas saiu o clipe novo e é mais uma bola dentro.

2.6.09

=almoço de terça=



- salmão com molho de laranja
- tomate assado
- salada de alface

=spotify e dakota=



Num dos grandes momentos que passamos com Jarbas e Sandra aqui (mais uma vez obrigado pela visita!), criamos uma playlist no Spotify e curtimos - independentemente do estilo - um bocado de música bonita. Foram 61 músicas. A lista foi sendo feita à medida que todos palpitavam. No auge do desafio ao acervo do Spotify, Sandra pediu "Dia 5" (José Jorge/Ruy Maurity), música da época dos grandes festivais da canção, que ela não encontrava em lugar nenhum. Sim, o Spotify tinha e logo o Taiguara soltava a voz na nossa saleta londrina.

A boa do programa é que basta digitar o nome da música ou do artista num campo de busca e pimba, daí é só colocar play. Não é preciso baixar o mp3. E o acervo é ótimo (apesar de os acordos - ou a falta de - com as gravadoras deixarem lacunas como Beatles e Pink Floyd, por exemplo). Parece que ainda não é possível usar o programa no Brasil, me digam daí.

Aqui, naquela noite memorável, entre Billie Holiday, Frank Sinatra, Cole Porter, Beach Boys, Edith Piaf, vinhos e cervejas, rolaram "Bitter Sweet Symphony", do Verve, e "Dakota", dos galeses do Stereophonics. Não gosto da banda, mas essa aqui é minha febre atual:



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(atualização)

Para quem quiser entender melhor o que é o Spotify.